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REGRAS PARA SE FAZER O POEMA VARANO

quarta-feira, 27 de maio de 2020

NÃO MEXA COM O GALO DELA















Senhora dona Dalinha
Ouvi falar do seu galo
Quem falou é seu amigo
Mas seu nome eu não lhe falo
Que é pra não dar confusão.
Prezo a irmã e o irmão
E é por isso que eu me calo.

Muita estória me contaram
Mas só falando vantagem.
Ninguém quer sair perdendo
Vem logo com fuleragem
Mas acredito que galos
Gostam mesmo é dos embalos
Com galinha em vadiagem.

Soube até que não tem galo
Melhor do que o galo seu.
Que o bicho é inteligente
E com ninguém aprendeu.
Cisca bem no seu terreiro
Papa todo o galinheiro
E inda é melhor do que o meu.

Eu vou contar pra esse povo
O que um dia aconteceu
Que por fazer muito tempo
A senhora já esqueceu.
Dessa vez conto e não corro
Nem pro mato nem pro morro
Pois veja o que sucedeu:

Eu mesmo um dia vi na rua
Um corre-corre e alvoroço
Tinha uma rinha de galo
Dos pelados no pescoço
E alguém gritou: lá na rinha
Tem um galo de Dalinha
Massacrando um galo moço!

Quando olhei, vixe Maria,
Vi levantar a poeira
Vi um galinho de briga
Na sua luta derradeira!
Contra seu galo, Dalinha,
Qualquer um perde na rinha
E eu num tô de brincadeira.

Dali, dobrando a esquina,
Encontrei o Zé Vicente
Conhecido no sertão
Por ter um galo valente
Chamado galo gigante
Pouco menor que elefante
Que em vez de bico tem dente!

Falei: não tem serventia
Me diga pra que que serve?
Ele pegando um tição
Disse: é ali que a água ferve
E é bem aqui na cozinha
Que o tal galo de Dalinha
Vai ser ator da sua verve.

Meu galo morde, não bica
E é bem maior do que o dela
O dente dele é afiado
Vai direto na titela
Corta as asas e o pescoço
Faz dele frango sem osso
E manda aqui pra panela!

Rapaz não brinque com isso
Retruquei de imediato.
É casa de marimbondo
Eu lhe garanto que é fato
Pois o galo de Dalinha
Come o pirão e a galinha
E limpa o bico em seu prato!

Isso é conversa fiada
Isso é história de trancoso.
Respondeu o Zé Vicente
Um cabra réi perigoso.
Não tenho medo de vaca
Nem de espingarda nem faca
E tô sendo é generoso.

Depois dessa eu fui pra casa
Arejar o pensamento
Deitei lá na minha rede
Co’as ‘ideia’ em andamento
Pensando naquele galo
Chega atrapalhava o embalo
Da rede a todo momento...

Voltei lá e fui correndo
Pois do céu chuva já vinha
Vi caminho de saúva
No chão aquela estradinha
Corri tanto até chegar
Pois tinha que avisar
À minha amiga Dalinha

E a senhora, educada,
Ficou muito agradecida
Mas disse: diga a esse moço
Que desde que fui nascida
Nunca fugi de peleja.
Que ele faça o que deseja
E dê adeus a sua vida.

Dizendo isso ela foi
Até o batente da sala
Apontou para uma enxada
Suja de barro, e uma vala
Disse: vou fazer u’a cova
Para encher depois da sova
E do estampido da bala!
 .........................................
Nunca mais eu vi o cabra
Que mexeu com o galo dela
Nem urubu sabe dele
Seu galo foi pra panela
Comido por todo mundo!
Pra Zé Vicente, o imundo,
Não acenderam nem vela!

domingo, 10 de maio de 2020

TERRA - LINDA E BENDITA temos que fazer jus a ela












Há um globo azul girando lá distante
 ̶  eu comentei num disco voador –
ET olhou-me e disse... é linda a cor,
tem brilho intenso igual um diamante!

...E a Terra ali girando, fascinante,
fez-me sentir orgulho e mais amor!
Descemos pra sentir o seu calor,
e eu disse... eu moro ali... é logo adiante!

Na imensidão do cosmos não vi nada
que parecesse igual ou mais bonita
quando voei... por longa temporada!

O ET me disse: A Terra é uma pepita,
e entre os planetas ela é a mais amada!
Pudera!... Ela é de Deus... linda e bendita!

By Ineifran Varão
Academia Brasileira de Sonetistas – ABRASSO
Cadeira nº 18 – Patrono: Gonçalves Dias

quinta-feira, 7 de maio de 2020

O CACHORRO DE DALINHA
















Eu fui visitar Dalinha
Já quase chegando lá
Parei no açude do sítio
E joguei o meu puçá
De peixe não peguei nada
Levei foi uma bicada
Duma linda sabiá!
            *
Fiquei de lá assuntando
Mas não se ouvia um sibilo                                 
Era um silêncio danado
Não se ouvia nem um grilo
De longe vi um cachorro
Correndo, indo pro morro
O que tinha sido aquilo?
            *
Foi a Dalinha Catunda!
Tive dó do cachorrinho
Tava rondando sua casa
‘Xerando’ com seu focinho
O danado do cachorro
Escafedeu-se pro morro
Sem comer nem um ossinho!
            *
Levou u’a bronca danada
Rondando a dona Catunda
Xerou no lugar errado
Ganhou cipó na cacunda
E se ficasse a rondar
Esperando ela voltar
Ia ganhar um pé na bunda!
            *
Óxente! Num mexa não!
Eu gritei pro cachorrinho
Vá passear no mercado
Use melhor o focinho
Se você continuar
Ela não vai perdoar
E vai te quebrar todinho
            *
Ele respondeu zangado
Eu não tenho medo não
Ela que venha pra cá
Tem urtiga e cansanção
....................................
Eu tropecei num buraco
Pus a viola no saco
Voltei pro meu Maranhão!