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REGRAS PARA SE FAZER O POEMA VARANO

sábado, 29 de fevereiro de 2020

RESPOSTA AO DONO DO CAMARO NOVO













Não trago prata, muito menos ouro;
não tenho pressa de chegar primeiro;
não sei poupar, vivo a gastar dinheiro!
Sento num banco recoberto em couro!

Meu carro é fusca, para mim, besouro;
é igual um boi, com seu motor traseiro!
Enfrenta mato, lama e aguaceiro,
e tem a força de um valente touro!

O que adianta ter carrão bem novo
se a lataria é igual a ovo,
que amassa à toa e não aguenta o tranco?

Compensação, eu tenho um iate e lancha!
A mulherada deita, rola e escancha!
...E eu bebo o whiskey do Cavalo Branco!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

VISÃO DO TERROR









Abri da minha carta o melhor vinho.
Bebi como se fosse o próprio Baco!
Peguei do melhor queijo um belo naco,
ouvindo o chilrear de um passarinho...

Do céu, uma lufada ali pertinho
fez agitar as mangas do casaco;
o olhar foi-me ficando um tanto opaco
˗ sentado na varanda, ali... sozinho!

Sonhei nosso país em convulsão,
sujeira e falcatrua em profusão...
eu vi a subversão do que é valor!

Pior, vi no Senado – o pesadelo,
na Câmara bisonha, o atropelo
e em togas... vi os Togados do Terror!